Dez anos de Sagu

Uma notícia na rádio da Univates, sobre o vestibular de inverno da instituição, fez com que eu me desse conta de uma coisa: faz dez anos que o Sagu entrou em produção.

Um pouco antes disto, depois que eu e o Fábio Wiebbelling (o popular Wiebbelindo) voltávamos dos Estados Unidos com a vasta obra publicada até 1999 sobre a linguagem PHP, eu enviei um e-mail ao pessoal da Univates pedindo um voto de confiança na nossa aposta de que seríamos capazes de construir um sistema acadêmico e administrativo usando softwares livres. Tudo o que passou de lá até aqui é história.

Alguns modelos consolidaram-se, a partir da ideia original, em empresas como a ITS, a Solis, a Adianti, a Sol7, a iSolution e tantas outras que não vou lembrar agora, mas que conto com a participação dos leitores para que lembrem delas nos comentários deste artigo. Nesta foto estão alguns empresários, gestores de TI, pais de família, desenvolvedores de projetos conhecidos da comunidade de software livre (alguns acumulando funções).

A gente conquistou muita coisa, mas outras perderam-se pelo caminho. Por que não conseguimos criar lideranças suficientes que mantivessem a constância do uso e desenvolvimento de software livre na Univates, no Governo do Rio Grande do Sul, na Prefeitura de Rio das Ostras? Por que um grupo de usuários, com ações sociais de inclusão tecnológica "extra-nerdice", como o Gnurias minguou depois que suas líderes graduaram-se e tiveram que dedicar-se, prioritariamente, a sua profissão?

No FISL 11 eu estava conversando com a Marcia Schüler sobre este e outros assuntos: sobre a facilidade de acomodação quando se é pioneiro em qualquer coisa. Aqueles que inventaram o primeiro avião, a primeira lâmpada, o primeiro motor, serão eternamente lembrados apenas porque outros seguiram adiante com suas ideias. Quando a linha de sequência termina, a lembrança se esvai rapidamente ou, quando muito, fica só na saudade.

Acho que a gente se contenta muito fácil com o pioneirismo e esquece da importância da continuidade. O pioneirismo é o fastio imediato, o prazer de um espeto corrido. O legado, a constância da comida na mesa das novas gerações, é o que deveria ser o mais importante. Quando conseguirmos acabar com o conceito de dinheiro, capital e propriedade talvez consigamos dar a verdadeira prioridade às coisas.

Um abraço para o amigo Falcão, que compartilha destes pensamentos.

Artigo publicado originalmente no Dicas-L



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